Veículos militares projetados e construídos no Brasil

Por admin em

Você sabia que o Brasil tem um histórico de real poder no campo dos veículos militares? Durante as décadas de 1970-1980, o país tornou-se um dos maiores produtores do mundo, principalmente graças ao sucesso dos blindados de rodas desenvolvidos pela Engesa.

Exportados principalmente para países do Oriente Médio, eles lutaram muitas vezes em combate real e alcançaram bons resultados. Saiba mais sobre eles abaixo.

Cascavel

Cascavel

Produzido pela Engesa em São José dos Campos, este blindado alcançou grande sucesso internacional desde o início de sua fabricação em 1980. Tem sido amplamente exportado para países como o Brasil, onde mais de 200 ainda estão em serviço. Como Iraque, Líbia, Colômbia e Chipre e, em menor escala, outros países vizinhos (Bolívia, Equador, Paraguai, Suriname, Uruguai e Venezuela).

Apesar de propostas diferentes, ele compartilha algumas partes mecânicas com o Urutu (veja mais detalhes abaixo), outro veículo blindado produzido pela Engesa – enquanto o Urutu transporta tropas, o Cascavel é um veículo leve de reconhecimento e combate.

Seu armamento padrão é um canhão de 90 mm, além de uma metralhadora secundária próxima à torre.

Urutu

Urutu

Esta é provavelmente a mais famosa de todas as “cobras” feitas no Brasil. Além disso, já se passaram mais de 40 anos desde que o primeiro Ulutu entrou em ação, transportando tropas de até 12 soldados, além do motorista e comandante.

A acessibilidade sempre foi um dos pontos fortes do modelo, com a possibilidade de acessar os ocupantes pelas laterais, traseira e teto, e além de seu uso intenso pelo Exército e Marinha do Brasil, também faz muito sucesso internacionalmente.

Países como Iraque, Emirados Árabes Unidos, Jordânia, Colômbia e Líbia já adquiriram centenas de unidades. Mas apesar do sucesso comercial e de algumas soluções técnicas eficazes, como a suspensão traseira bumerangue, o Urutu está desatualizado na situação de combate atual.

Jararaca

Jararaca

Trata-se de um modelo de Estado cujo foco é a exportação, não aqui para uso das Forças Armadas. Os países que mais compram veículos são Uruguai, Equador,

Chipre, Guiné e Gabão, com 63 exemplares vendidos. Produzido pela Engesa, o Jararaca é um veículo de reconhecimento com 4,16 metros de comprimento total e ampla autonomia – pode percorrer 700 quilômetros graças a um tanque de combustível com capacidade para 140 litros de diesel. Tem uma tripulação de três: o motorista, comandante e atirador, que operam uma metralhadora de 7,62 mm. No Brasil, apenas dois protótipos estão rodando.

Ogum

Ogum

Mais um produto da Engesa, mas desta vez sem produção em massa. Mais uma vez, Saddam Hussein pediu o modelo, ele queria um veículo blindado leve conduzido por esteiras (mais eficaz em terrenos off-road do que rodas) com características semelhantes ao Wiesel alemão. Assim, o primeiro protótipo do Ogun foi criado em 1986.

Modificações foram solicitadas pelo governo iraquiano, fabricadas pela Engesa e implementadas em um novo protótipo – foram produzidas quatro cópias anteriores. O ditador do país do Oriente Médio chegou a negociar a compra de 200 Oguns, mas com o desenrolar do conflito na região, as negociações não avançaram e o projeto foi abandonado.

Sucuri

Sucuri

Baseado na plataforma do Urutu e do Cascavel, o Sucuri foi um caça-tanques sobre rodas criado pela Engesa nos anos 80 que abria mão de parte de sua capacidade de proteção para surpreender em termos de velocidade – atingia até 115 km/h, com alcance operacional de 600 quilômetros.

O ponto alto do Sucuri era a força de ataque equivalente à deum tanque, mesmo com um peso total três vezes menor. Seu canhão de 105 mm era montado em uma torre estabilizada. Como armamento secundário, metralhadoras de 12,7 e 7,62 mm. Infelizmente, ele não chegou a entrar em produção.

Osório

Osorio

O carro de combate pesado nasceu com audácia e perspectivas de glória. Em meados dos anos 1980, o modelo foi desenvolvido pela Engesa para uma concorrência aberta pela Arábia Saudita. Submetido a testes no deserto, o protótipo do Osório superou os concorrentes do Reino Unido, França e Itália, e ficou em pé de igualdade com o famoso tanque M1 Abrams dos Estados Unidos. Houve boatos de que o contrato chegou a ser redigido, estipulando que a venda para os árabes ajudaria a financiar a compra pelo próprio Exército Brasileiro.

Na hora de fechar o acordo, porém, falou mais alto o poderio político e econômico dos americanos. O início da crise que levaria à Guerra do Golfo, em 1990, selaria de vez o destino do Osório, que ainda participaria de outras concorrências na região. Pior para a Engesa: ao investir todos os seus recursos no desenvolvimento do tanque para exportação – e sem nenhuma garantia de que o Exército Brasileiro, em grave crise financeira, fosse comprar o Osório – a empresa entraria em concordata anos depois, dando fim a um legado de expertise em blindados.

Astros

Astros

Um dos mais bem-sucedidos modelos militares brasileiros mundo afora.

Desenvolvido pela Avibras Indústria Aeroespacial em 1983, ele é um lançador de foguetes de saturação utilizado pelas forças armadas de países como Arábia Saudita, Bahrein, Catar, Indonésia e Iraque – além do próprio Brasil. É capaz de lançar múltiplos foguetes, de diferentes calibres, a distâncias que variam entre 9 e 300 quilômetros, e deve ganhar uma nova versão, chamada de Astros 2020, compatível com mísseis de cruzeiro.

O Astros II esteve envolvido em algum dos mais conhecidos conflitos do século passado, como a guerra Irã-Iraque, realizada entre 1980 e 1988, e a Guerra do Golfo, ocorrida em 1990 e 1991 – em ambos os casos, serviu às tropas de Saddam Hussein com sucesso comprovado, graças à sua mobilidade e poder de fogo.

Guarani

Guarani

 

O mais moderno blindado de transporte médio do Exército Brasileiro teve suas primeiras unidades entregues em 2014, e deve substituir gradualmente o Urutu. Foi desenvolvido pela Iveco, companhia muito conhecida pela produção de caminhões. Com capacidade para até 11 ocupantes, o Guarani é um 6×6 com alcance operacional de até 600 km e que pode alcançar os 110km/h de velocidade máxima.

Assim como outros veículos militares modernos, o Guarani tem uma estrutura modular, isto é, pode ser modificada e receber outros tipos de dispositivo (armas, sensores, blindagem extra, mecanismos de defesa) de acordo com a demanda. Seu casco inferior em forma de V é ideal para minimizar os danos causados por minas e explosivos, e a blindagem de série oferece proteção contra tiros de fuzil 7,62 mm. Seu armamento principal é um canhão automático de calibre 30 mm em uma torre estabilizada controlada remotamente. O Guarani inclusive já foi assunto de um Impressões ao Dirigir da QUATRO RODAS.

Pode ser tratado como um veículo militar leve de dupla nacionalidade. Isso porque seu projeto teve início em 2004,durante uma reunião no Rio de Janeiro que teve representantes das forças armadas de Argentina e Brasil. De fato, mais de 85%das peças utilizadas em sua construção são feitas nos dois países, predominantemente na Argentina.

Um dos itens feitos por aqui é o motor 2.8 movido a diesel de 130 cavalos de potência. Por ser um veículo leve (2.100 kg)para sua categoria, o Gaúcho é ideal para o transporte por aviões. Possui autonomia de 500 quilômetros e velocidade máxima de 120 km/h.

Comporta até quatro ocupantes, e oferece como opcionais uma metralhadora calibre 7,62mm e um kit de blindagem leve.

Marruá

Marruá

Com a falência da Engesa, alguns de seus projetos pareciam fadados ao esquecimento.

Um deles (o EE-12), porém, teve destino diferente graças à intervenção da Agrale. Em 2003, a companhia anunciou que retomaria seu desenvolvimento, atualizando-o para as necessidades das Forças Armadas Brasileiras daquele momento. Nasceu, cinco anos depois, o Marruá.

Foi a Marinha que teve a oportunidade de usá-lo de modo pioneiro, em substituição ao Toyota Bandeirante. Nos anos seguintes, o modelo passou a ser utilizado também pelo Exército e, depois, foi exportado para países vizinhos, como Argentina, Paraguai e Equador. Sua atuação mais notável até aqui é na intervenção brasileira na missão de paz no Haiti, onde o Marruá atua como veículo de carga, de transporte de pessoal ou ambulância.




0 0 votos
Avaliação do artigo
Subscribe
Notify of
guest
0 Comentários
Feedbacks em linha
Ver todos os comentários
2
0
Adoraria seus pensamentos, por favor, comente.x