Motores que utilizam a tecnologia bicombustível chegaram em 2003 no país com o lançamento do VW Gol 1.6 Total Flex. Depois desse marco de desenvolvimento, a maioria dos veículos vendidos no Brasil implementou tal tecnologia.
Desde então, os motoristas brasileiros passaram a quebrar a cabeça fazendo cálculos para descobrirem como rodar gastando menos combustível, seja álcool ou gasolina. Esses cálculos são baseados em aproximações que fazem com que o álcool passe a ser vantajoso se custar menos de 70% do preço da gasolina.
Contudo, infelizmente não é possível saber com precisão se o veículo funciona melhor com um do que outro, já que cada carro possui seu quociente próprio do preço do álcool/gasolina baseado em suas características de projeto.
Mas não se desespere! O conceito técnico de taxa de compressão pode te ajudar a economizar dinheiro em combustível. Veja a seguir!
Entendendo a taxa de compressão
Para calcular a taxa de compressão, não precisa entender tudo sobre motores a combustão. Você só precisa saber que seu funcionamento se baseia na transformação da energia química do combustível em energia mecânica para propulsão do veículo por meio de sua queima no interior do propulsor por meio da movimentação de seus componentes.
Os mais conhecidos são os pistões, que são os componentes cilíndricos na parte superior do motor, que fazem o movimento de subida e descida que geram energia mecânica que vai para as rodas.
A taxa de compressão deriva exatamente do movimento de subida e descida dos pistões.
O funcionamento do motor possui quatro tempos: admissão, compressão, combustão e escape. A taxa de compressão ocorre no segundo período, quando as válvulas de admissão se fecham após a injeção da mistura ar/combustível e esta é comprimida para que a combustão e o escape ocorram.
Então vem a definição da taxa de compressão, que é o quociente de volume da câmara de combustão do pistão em seu ponto morto inferior (PMI) e seu ponto morto superior (PMS), ou seja, o quanto você comprime o cilindro resultando em um volume menor.
Ela exerce grande influência no funcionamento do motor em todos os sentidos: desempenho, consumo, durabilidade, dentre outras. O tipo de combustível também é determinante para a escolha da relação.
Motores a gasolina costumam usar taxas menores, entre 8:1 e 12:1, ao passo que os movidos a etanol funcionam melhor com quocientes mais altos, como 12:1 ou até 14:1. Devido ao seu funcionamento distinto, os blocos de ciclo Diesel trabalham com relações de 15:1 a até 18:1, devido às suas peculiaridades.
O tipo e qualidade do combustível são fatores determinantes na definição da taxa de compressão pela equipe de projeto de motores, pois esta é a base para a escolha de outros parâmetros de engenharia. A calibração dos sistemas de injeção eletrônica, gerenciamento da transmissão e controles eletrônicos e de diagnóstico de falhas também derivam da escolha deste quociente.
Em resumo, a taxa de compressão explica muita coisa sobre o mito da relação de que o etanol deve sempre custar 70% do valor da gasolina para ser vantajoso. Agora sabemos que cada veículo tem seu próprio ponto de equilíbrio e o proprietário deve conhecer o projeto de seu motor para fazer a melhor escolha.